terça-feira, 12 de julho de 2011

RACISMO

RACISMO
O racismo tem assumido formas muito diferentes ao longo da história. Na antiguidade, as relações entre povos eram sempre de vencedor e cativo. Estas existiam independentemente da raça, pois muitas vezes povos de mesma matriz racial guerreavam entre si e o perdedor passava a ser cativo do vencedor, neste caso o racismo se aproximava da xenofobia. Na


Idade Média, desenvolveu-se o sentimento de superioridade xenofóbico de origem religiosa.
► Xenofobia: Aversão a pessoa e coisas estrangeiras.
Quando houve os primeiros contatos entre conquistadores portugueses e africanos, no século XV, não houve atritos de origem racial. Os negros e outros povos da África entraram em acordos comerciais com os europeus, que incluíam o comércio de escravos que, naquela época, era uma forma aceitavel de aumentar o número de trabalhadores numa sociedade e não uma questão racial.
No entanto, quando os europeus, no século XIX, começaram a colonizar o Continente Negro e as Américas, encontraram justificações para impor aos povos colonizados as suas leis e formas de viver. Uma dessas justificações foi a ideia errônea de que os negros e os índios eram "raças" inferiores e passaram a aplicar a discriminação com base racial nas suas colônias, para assegurar determinados "direitos" aos colonos europeus. Àqueles que não se submetiam era aplicado o genocídio, que exacerbava os sentimentos racistas, tanto por parte dos vencedores, como dos submetidos.
De acordo com Guido Barbujani, um dos maiores geneticistas contemporâneos, a palavra Raça não identifica nenhuma realidade biológica reconhecível no DNA de nossa espécie, e que portanto não há nada de inevitável ou genético nas identidades étnicas e culturais, tais como as
conhecemos hoje em dia. Sobre isso, a ciência tem idéias bem claras.
A negação multiculturalista da modernidade é um fenômeno moderno. A “ciência das raças” nasceu no final do século XVIII, junto com a Revolução Francesa e a consolidação do conceito de cidadania, e se desdobrou na forma de depravações extremadas até a Segunda Guerra Mundial.
As políticas de preferências raciais, disseminaram-se no pós-guerra, não muito depois da proclamação solene
da Declaração Universal dos Direitos Humanos e do repúdio mundial ao racismo e ao nazismo.
A mensagem do multiculturalismo é que o princípio da igualdade pode ser uma bela declaração, mas a realidade verdadeira é formada pelas diferenças essenciais entre as coletividades humanas.
O “racismo científico” plantou as raças no solo da natureza, definindo-as como famílias humanas separadas pelas suas essências biológicas.
Quando a ciência desmoralizou essa crença anacrônica, o multiculturalismo replantou as raças no solo da cultura.
O argumento dos multiculturalistas, expresso sob formas diversas mas bastante similares, é que as raças são entidades sociais e culturais.
Com base nisso, a política das raças, que parecia condenada a desaparecer na hora da abertura dos campos de extermínio nazistas, ressurgiu triunfante nos mais diferentes pontos do planeta.
A raça é fruto do poder de Estado que rejeita o princípio da igualdade entre os cidadãos.
As políticas americanas de ação afirmativa baseadas na raça serviram de modelo para a África do Sul e o Brasil. Na África do Sul, o princípio da diferença racial, fixado nas leis e nas consciências desde a colonização até o regime do
Apartheid.
No Brasil, ao contrário, o princípio da igualdade política encontra amparo na poderosa narrativa identitária da mestiçagem, que borrou as fronteiras de raça.Mesmo assim em nome do multiculturalismo, o governo de Fernando Henrique Cardoso ensaiou dividir os cidadãos em “brancos” e “negros”, e o governo de Luiz Inácio da Lula da Silva, patrocinou a introdução das primeiras leis raciais da história brasileira.
Florestan Fernandes
Abordou a temática racial
pelo ângulo da desigualdade;
Problematiza a noção de tolerância racial;
Levanta uma forma particular de racismo:
“um preconceito de afirmar o preconceito”

Nenhum comentário:

Postar um comentário